Em 2018, os EUA voltaram a impôr sanções ao Irã, após três anos no qual as relações econômicas foram restabelecidas em algum grau. Tudo gira em torno do acordo nuclear assinado em 2015 por Barack Obama e desfeito por Donald Trump em 2018.
A Binance anunciou em novembro de 2018 que iria parar de atender clientes no Irã e pediu que os usuários do país liquidassem suas posições na plataforma.
Mas a agência de notícias entrevistou sete traders que disseram usar a corretora normalmente até setembro de 2021 — um mês antes de a empresa anunciou regras mais duras para prevenção de lavagem de dinheiro.
Os usuários do Irã disseram que não era necessário nenhuma ferramenta para burlar a sanção e que a Binance pedia apenas um e-mail para prosseguir com os trades.
“Existiam algumas alternativas, mas nenhuma tão boa quanto a Binance. Não precisava de verificação de identidiade, então todos nós usávamos”, disse Asal Alizade, trader de Teerã, em entrevista para a Reuters.
Além da sete pessoas entrevistadas, a agência de notícias identificou outras onze pessoas que relataram no LinkedIn que usaram a Binance para fazer transações do Irã.
A agência de notícias teve acesso à troca de mensagens por Telegram e chats internos da empresa e afirma que, após 2018, pelo menos três funcionários em cargos de gerência sabiam que a plataforma era ainda amplamente usada no Irã.
Questões legais
As transações eram feitas por meio da Binance.com, que é uma empresa teoricamente separada da Binance U.S, que opera nos Estados Unidos.
Essa distinção a princípio protegeria a Binance U.S das consequências de um furo de embargo. Porém, advogados entrevistados pela Reuters afirmam que podem existir risco nas chamadas sanções secundárias: são regras que buscam impedir que empresas esrangeiras façam negócios com entidades banidas ou que ajudem pessoas desses países a fugirem do embargo.
Caso se estabeleça algo nesse sentido, a empresa pode ser impedida de acessar o sistema financeiro dos EUA.
Os advogados dizem que se os iranianos usaram a Binance.com para contornar o embargo financeiro dos EUA, isso poderia causar algum prejuízo legal para a Binance U.S.
Piada interna
Em agosto de 2019 a Binance anunciou que não iria mais permitir o uso da plataforma em cinco países: Cuba, Síria, Coreia do Norte, Região da Criméia e Irã.
Mas a popularidade da plataforma entre os iranianos era notória e até alvo de piadas dentro da corretora, segundo a reportagem.
Em setembro de 2019 Teerã estava entre as cidades com mais seguidores do ṕerfil da Binance no Instagram, na frente de Nova York e Istambul. Um funcionário disse como piada em uma mensgagem interna que essa informação fosse publicada na conta de Twitter da Binance U.S”.
Em outra mensagem também sobre a popularidade da Binance no Instagram entre os iranianos, um funcionário disse: “IRAN BOYS (garotos do Irã, na tradução para o português)”.
A Binance não retornou os pedidos de esclarecimento feitos pela Reuters.
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